Há tempos que ando querendo escrever algo por aqui, descrever algumas das inumeras novidades que andaram acontecendo nesses ultimos tempos, mas sinceramente foram tantas que fiquei na dúvida sobre qual assunto iria escrever, mas domingo aconteceu algo que realmente me fez ter vontade de dividir.
Desde que a Dra Bavettinha nasceu (ela ja ta ficando grandinha e experiente, com 1 ano e quatro meses), inclui ela nas redes sociais, por conselho dos professores orientadores da ONG e pra facilitar e extreitar os laços entre ela e os pacientes. Infelizmente acabo entrando bem pouco nas redes logada como Dra, mas nas ultimas duas vezes eu levei um "solavancos" de realidade que me fizeram acreditar ainda mais no poder desse trabalho.
Passei um tempinho, (pequeno, porém de enorme aprendizado) atuando no Hospital do Transplantes e lá acabei revendo o Alexandre, meu ex cunhado que eu sabia ter leucemia, porém que durante o meu namoro com o seu irmão ( quase 3 anos) nunca havia apresentado nenhuma recaida da doença e fazia o tratamento tranquilo em casa indo ao médico somente para consultas ambulatoriais de acompanhamento. Alexandre estava internado devido a dores nas pernas decorrentes da doença e pneumonia. O visitei durante 3 semanas e pedia quando entrava no hospital, para que ele não estivesse mais internado. Infelizmente não foi o que aconteceu e tive a noticia do falecimento do Alexandre. Não posso negar que esse contato com a morte me abalou, é complicado demais vc ver que alguem exatamente da sua idade se foi, além do que, senti algo diferente, acho que um pouco parecido com o que médicos devem sentir, meu paciente havia falecido, exatamente o paciente com o qual eu tinha algum laço de envolvimento emocional.
No dia que fiquei sabendo do Alexandre, logo pensei em outro paciente que havia me tocado muito, o Renato, menino calmo e tranquilo, oriental e paciente, que permanecia sempre na dele , na cama no seu notebook, evitava sair e andar pelos corredores para que o cateter não saisse do lugar e não desse mais trabalho para as enfermeiras, era bem humorado e tinha uma linda adoração por anjos. Entrei no orkut do Renato e deixei um recadinho, esperando uma resposta. Neste domingo, fui surpriendida com um convite de amizade novo para a Dra, era o Anderson, um amigo virtual do Renato que queria meu contato para que eu escrevesse algo para uma homenagem ao Renato, que havia falecido também. Meu coração gelou, tremeu e a minha garganta se fechou.
Sempre encarei a morte com certa dificuldade, acho que poucas pessoas encaram de forma diferente, porém era novamente uma pessoa nova, que com 18 anos se foi. Apesar desta minha dificuldade, tenho a mais absoluta certeza de que tanto o Alexandre quanto o Renato, cumpriram seu papel aqui com a gente e nos ensinaram varias coisas, e o mais interessante de tudo isso é que me lembrei na hora da Mariana, um anjo iluminado que conheci e que também se foi bem cedo.
O ensinamento que tirei de tudo isso? Não importa o tempo que dure a sua passagem por aqui, ela será completa assim que você conseguir ensinar aos que aqui ficaram, o quão importante é valorizar as coisas boas, as pessoas do bem e a maravilha de cada dia que nasce.
Como não acreditar no poder desse trabalho? A frase foi extraida do orkut do Renato
A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor
7 comentários:
Tô emocionada amiga ... Tenho certeza q vc era um dos tais anjos do Renato e q ele tanto adorava ... Assim como eu ... Te amo viu?
Bjs e continue sempre fazendo valer a pena ...rs
Afinal, sempre vale ...rs
Ritinha
Viver é uma arte, como uma peça de teatro. Morrer infelizmente faz parte.
O que faz a diferença é o que se faz entre o terceiro sinal e o fechar das cortinas.
Vou postar aqui o comentario que a Tati tentou mandar por aqui, mas não rolou então ela colocou no meu face. O que ela escreveu é tão lindo e verdadeiro que acho legal dividir com todos.
Uau Ana
To arrepiada dos pés a cabeça!
Lindo texto, lindas emoçoes! Acreditamos no poder do sorriso, mas qdo nos ...é dado em troca, uma ida dos anjos ao ceu, deve ser mesmo de abalar qqr estrutura!Até entao, nao passei porisso mas imagino a emoção que vc sentiu!
O Pai do céu nos dá as forças devidas para continuar a jornada, e com certeza os receberá de braços abertos, e nessa ida deles ate ELE, terá uma marquinha sua, um lindo nariz vermelho estampado em cada rosto!
um gde beijo
Tatiana Murad Ravagnani.
http://visaooutra.blogspot.com
Querida Ana o contato com o luto..a morte..e depois a saudade..saudade no verdadeiro significado realmente é forte..dificil... mas concordo plenamente com o que vc escreveu..não importa a quantidade de dias que estes seres únicos..lindos..aqueles anjos que aparentemente não tem asas...passaram conosco..eles passaram e todos eles nos ensinaram o quanto cada segundo de vida é preciosos e precisa ser vivido com toda a intensidade..ao ler seu texto..lembrei de uma passagem com a Mari..passamos o dia no ambulatório da oncologia, ela tomou uma quimio daquelas..teve todos os efeitos e ao melhorar..depois de um dia inteiro olhou pra mim e disse..vamos ao cinema..o enjoo já passou e se voltar eu tomo um draminzinho básico..
Enfim é este o grande aprendizado que temos com estes seres únicos..
Beijos e sempre em frente..
Claudia-Borboleta
Nossa Aninha, Muito Obrigado por me citar em seu texto, realmente o Renato era uma pessoa brilhante
e creioq ue fiz parte da Vida dele, pois que me avisou foi ele mesmo de que partiria, ja te expliquei, o renato fez realmente parte de minha vida, um irmão que deus levou pro ceu para olhar por mim, e sei que olhou eu estava desempregado olhei para o seu e pedi um emprego e no dia seguinte apareceu a oportunidade com certesa mais uma vez ele colocou a mão em minha vida!
Renato Freitas Sonoda Eterno <3
Obrigada Penelope pela força e pela preocupação com o Alexandre, realmente a morte dele mexeu muito com todo, não só a dele como a do Renatinho pois os dois estavam lado a lado mesmo na UTI, e mesmo depois que partiram contiuam junto olhando por todos aqui.
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