Analgésicos e lenços de papel.

To doente! Meu corpo inteiro consegue doer sincronizadamente , pode até parecer algo meio exagerado( o que na verdade é) , mas é impressionante como nessa hora eu consigo sentir todos os 639 músculos.

Lido com dor o dia todo, vejo a dor dos outros e por muitas vezes sou fria com ela (ossos do oficio necessários para conseguir trabalhar mantendo ao menos a sanidade mental ), mas como e velho e bom dito popular “.... no dos outros é refresco”.

Quando se está assim nossa mente é um mistério, parei pra pensar com a cabeça do Bobby (desenho animado, onde um garoto de 5 anos imagina ao “pé da letra” tudo que é dito pelos adultos) , e deitada na minha cama, abraçando meu travesseiro que estava mais ou menos à uns 39ºC, imaginei meus glóbulos brancos, armados com alguns comprimidos de benegripe, lutando e fazendo armadilhas e trincheiras para vencer os vírus. Devaneios da infância que voltam ao estado febril. Quer voltar a infância? Está com saudades do seu amigo imaginário? Pegue uma gripe .. é fácil , fácil ( estou distribuindo por ai, qualquer coisa é só entrar em contato).

Falando em disseminação viral , bacteriana, etc, algumas daquelas dicas que são divulgadas em massa quando existe alguma epidemia de uma super bactéria, um super vírus , me “martelam” no cerebelo.

 Não se esqueça de lavar as mãos

Tirando antes das refeições e após usar o banheiro, que convenhamos, não deveria ser uma dica de higiene que necessitasse ser divulgada para pessoas acima de 05 anos e que já saíram do pré primário, quem além a enfermeira do Serviço de Infecção hospitalar consegue lembrar de lavar as mãos pra tudo?

É humanamente impossível pra quem pega transporte público todos os dias, experimente pegar o metro sem tocar em nada ( pensando somente em entrar no vagão, porque até lá , já teve que comprar a passagem , pegar o bilhete, encostar ou enfiar na catraca, etc ), com certeza será impossível e dependendo da super população ou não que encontrará dentro do vagão, ou encostará em várias pessoas, as quais você não sabe se estão gripadas ou não, ou no chão e de cara , após uma das brecadas. Para ônibus acho que é ainda pior, além da sensação claustrofóbica ( caso esteja caindo uma garoa e todos os passageiros de forma sincronizada fecham as janelas, porque tenho a sensação que todos que sentam ali são hidrofóbicos ) , não tocar em nada é certeza de que levará um tombo, porque as vezes acho que os motoristas de ônibus esquecem qual é a “carga” que estão transportando e uma garrafa dentro de um engradado em um caminhão de bebida balança menos.

Use lenço de papel descartável

Quem além dos senhores acima de 60 anos, usam lenço de pano para assoar no nariz ? Ou era só o meu nariz que assava como bunda de neném nos primórdios dos anos 80, quando lenço de papel era artigo de luxo.

As vezes acho que a gripe deveria ser considerada o mal do século ( ops séculos), afinal , quantas pessoas você conhece que tiveram tuberculose ( agora pensando no século passado) ? Quantas pessoas você conhece que tiveram ou tem HIV? Se esse titulo fosse dado a doença que mais ataca a população , a gripe venceria de lavada , afinal quantas pessoas você conhece que já tiveram gripe? Quantas vezes você já esteve gripado?

Pensei que não adiava nada com tanta força assim, mas estou enganada .. Gripe FDP!

Bôra lá tentar dormir após me dopar com um coquetel de vitaminas, antitérmicos e analgésicos.

Mentir pra conseguir.

Às vezes paro e penso (é, isso acontece as vezes):

 Tem certas coisas que só acontecem quando estamos solteiros e “a caça”.

Isso pode parecer um termo meio impróprio e mal visto por muitos, mas não deixa de ser o mais bem empregado, afinal é o que realmente fazemos. Seduzimos as vitimas , jogamos nossos encantos e pronto, damos o bote (ai sim, esse termo pode variar conforme o desejo e a vontade que estamos daquela caça , e bote é desde pegar na mão até o ato sexual mais carnal).

Outra coisinha que fazemos demais nessa fase são as perguntas idiotas e sem a mínima importância, perguntas típicas de quem está sem assunto, porém não quer deixar aquela oportunidade passar.

Pensando racionalmente... Pra que serve saber o que a pessoa gosta de fazer? Quando se esta namorando isso passa a ser totalmente desnecessário, afinal ambos terão que abrir não de varias coisas pra manterem esse relacionamento saudável, e acredite, segundo a Lei de Murphy umas das coisas que você mais gosta de fazer a outra pessoa não irá suportar, ou terá um ciúme doentio de alguém ligado a essa atividade, “torrando tanto a paciência” , fazendo assim com que você abra mão.

O que você gosta de escutar? Pensa comigo, isso é importante no primeiro mês de relacionamento (chutando bem alto) , quando ele ainda estará querendo te conquistar e quando você entrar no carro, o rádio estará sempre na sua estação preferida, depois disso... esquece! Manda o dono do carro, do mp3, do radio do quarto, etc.

Hoje pensei muito nisso, e imaginei ... Qual seria a reação da pessoa se eu realmente respondesse o que mais gosto de fazer.

Gosto de ficar em casa, dormir até tarde todos os dias da semana, gosto de gastar dinheiro (preferencialmente dos outros), gosto de comer coisas que não são nada saudáveis, gosto de música brega e adoro cantá-las em voz alta, gosto de andar com a pior roupa do meu guarda roupa (que necessariamente é a mais confortável), de ficar de óculos e cabelo preso (preferencialmente descabelado), entre outras.

Realmente, para se iniciar um relacionamento tem que se falar somente a verdade? Ser sincero? Será que alguém vai gostar de ouvir essa verdade assim na lata?

Bicho homem é realmente complicado, diz que espera sinceridade da pessoa, porém não gosta de  ouvi-las logo de cara.

Mas ... como jogadora nessa caça ao tesouro (e olha que nem procuro ouro ou prata, uma “biju” de qualidade já ta valendo), vou logo avisando... adoro trabalhar e ganho o suficiente para os meus gastos, adoro restaurantes vegetarianos e tudo que um dia fez fotossíntese, ando de salto alto em casa e não consigo viver sem, lavo , passo e ainda cozinho.

Bora lá tocar a vida !

Um desafio, uma conquista e um olhar.

Dias deliciosamente conturbados e agitavam me esperavam esta semana, já sabia disso quando olhei para o meu calendário de mesa e contrariando meu pensamento e atitude de 29 anos - “EU? Não, eu não preciso de agenda ou de lugar para anotar meus compromissos, minha memória é ótima”- amanheci segunda feira e pensei “essa semaninha será deliciosamente punk”, mas nunca pensei que fosse ter a experiência de que passei terça à noite.

Determinei que dezembro seria um mês de mudanças, onde resolveria algumas pendências , deixando pra 2011 somente os problemas que naquele ano surgissem, e voltar a dar vida de verdade e com responsabilidade a Dra Bavettinha seria um deles.

Pois é, Dra Bavettinha mudou de emprego, agora é besterologista do Hospital do Transplante ( antigo Hospital Brigadeiro). Ela foi incrivelmente bem recebida e adoravelmente acolhida pela Dra Retanhola, que me apresentou o hospital e ensinou muito mais do que besterologia para a Bavete,  foram lições de vida que irão marcar  todas as mudanças que determinei para Dezembro.

A parte mais interessante de todo esse novo aprendizado foi encarnar a minha Dra no meu dia a dia, alegrar e contagiar à todos não somente no hospital, foi o desafio ! Sai do hospital levando a Dra comigo não somente no coração , pensamento e sentimento, mas sim no corpo. Bavettinha pegou pela primeira vez metrô em SP, e começou bem , linha verde, azul e vermelha em um só dia, de uma só vez!

Me impressionei e me encantei com as atitudes e diferentes pessoas durante todo o trajeto. Definitivamente andar pela Paulista de besterologista, não é algo diferente e capaz de chamar a atenção de ninguém naquela avenida.Complexada e apressada,  a Av Paulista é palco de um publico tão eclético e apressado como ela, onde ninguém desvia o seu olhar para o alegre e diferente. Entrei na estação Brigadeiro e fui apresentada ao Pedro, menino de 4 anos que acabara de ver o Papai Noel e  fazer seus pedidos . Sentei ao lado dele enquanto sua mãe o ensinava a cantar Noite Feliz, chegou ate mim e disse “Vc sabe cantar também?” e então cantamos durante todo trajeto até a Sé, pessoas olhavam , cantavam também e algumas ate fotografavam.

Na Sé, juro que pensei “Isso aqui não vai dar certo com esse mundarel de gente” , mas se a proposta  era vencer desafios ? Já dentro do vagão sentei ao lado de uma senhora , tinha  um aparente olhar triste, porém me olhava com curiosidade e retribuiu ao meu sorriso.  Era a dona Maria, moradora orgulhosa de Corinthians Itaquera , trabalhadora, mãe de 03 filhos. Aprendi durante o meu treinamento que sempre era bom “puxarmos” assuntos que fossem agradáveis , e naquele momento filhos eram o orgulho daquela senhora.  Vi no olhar dela o orgulho do trabalho e da vida que levavam o seu filho mais novo e a sua filha, porém em momento algum ela falava do outro, então perguntei .

- E e o outro?

 Algo me dizia que era ele o responsável pelo olhar triste inicial daquela senhora.  Seu filho mais novo havia sido preso naquela semana, usuário de crack foi pego roubando e estava preso, sua angustia estava escondida no seu pensamento de mãe , que além de preocupada , se culpava achando não ter dado a educação e os ensinamentos de vida corretos aquele filho.  Conversamos muito e acho que no final consegui ajuda-lá , fazer com que olhasse para o futuro e que não se culpasse pelo acontecido, que seu filho precisaria da força de sua mãe agora mais do que nunca e que o seu olhar de mãe seria um dos principais apoios para aquele garoto.

E quem disse que não se aprende muito em uma simples viagem de metrô?

Bora lá tocar a vida !

Mas e ai .. qual a diferença?

Ser voluntaria é algo que a cada dia me da mais orgulho e me faz entender um pouco mais sobre certas coisinhas da vida.
Quando se chega em uma certa idade passamos a ter uma noção mais clara do que são as diferenças sociais, mas antes de ver essa diferença na pele fica complicado descrever e entender. Hj vi cenas lindas oriundas de lugares e pessoas das quais não esperava, mas também vi crianças lindas, bem cuidadas e que provavelmente estudam naqueles colegios onde o meu salario não pagaria 1/2 mesalidade trancadas em super mansões, atrás de seguranças, portarias, portões, interfones entre outras coisas, crianças que como todas tem em si um coração puro porem  trancafiados, o  que as obrigam a lançar o pouco do que tem de mais marcante literalmente pela janela, isso me assustou!
Agora para pra pensar, o que mais poderá mudar tão radicalmente a ponto de privar a liberdade delas. To feliz e assustada!