Um
breve relato sobre a sensação de achar o caminho certo junto das pessoas
certas.
Isso
aqui definitivamente não é um diário, há tempos passou a ser um local onde paro
para refletir acontecimentos, ações, datas, pessoas, lugares e motivos que me
fazem ver a vida de outra maneira.
Quando
se é chamada (digo chamada porque seja qual for o motivo, razão ou
acontecimento existe um chamado, seja ele físico ou não) e o desafio é aceito,
o primeiro passo é acreditar no poder da sua ação, seja ela qual for. Há 2 dias
atrás, um chamado aconteceu e o telefone da minha sala tocou.
Joaquim, o enfermeiro |
Trabalhando
na psiquiatria do hospital, Joaquim me chamou pra conversar sobre uma paciente
(sim, eu continuo sendo a menina da comunicação, antes que estranhem).
Dona
Teresa (que até então não sabíamos se era Teresa mesmo o seu nome) estava
internada desde 15/10 , havia sido encontrada na rua por policiais e não
lembrava o seu endereço, familiares, bairro onde morava, nada. Com sinais de
uma idosa bem cuidada por familiares, eximindo assim a possibilidade de não ter uma família ,
chegamos ao dilema, o que poderíamos fazer? Providencias legais já haviam sidos
tomadas, mas será que não haveriam outras possibilidades de acharmos os familiares
daquela senhora?
A sorridente Dona Teresa |
Agora
chega a parte “tapa na cara da Ana Paula”.
Eu
não acreditava muito no poder de rasteio de pólvora das redes sociais para causas
assim, mas era a tentativa (pra mim, rede social ainda estava muito ligada ao
compartilhamento de noticias sem importância ou sensacionalistas), e foi o que
fizemos.
Dona
Teresa pousou lindinha e sorrindo pra foto que foi para no facebook, twitter,
Instagram e enviada para “pauteiros amigos” de assessores na mesma hora. De
início me surpreendi e agradeci aos compartilhamentos dos meus amigos de
verdade, aqueles que me conhecem e sabiam o quanto aquilo era importante pra
mim.
Foram
1553 compartilhamentos em menos de 24h e hoje pela manhã, o poder da rede
social, da rede do bem, da minha rede de amigos e da rede de amigos dos amigos
dos amigos dos amigos, me mandou uma mensagem, era a filha da Dona Teresa se
identificando e pedindo informações de como e onde poderia ir buscar a sua mãe.
Pensei
que fosse trote, pensei que estava sonhando, pensei que não era real, mas era.
Cheguei correndo no hospital atrás do Joaquim, comemoramos juntos e ganhei um
abraço de anjo protetor do meu enfermeiro/amigo/irmão.
Por
volta das 10h30, aquela senhorinha simpática que posou sorrindo pra mim, voltou
pra casa. Família orientada pelo médico e dona Teresa junto com suas filhas.
Não
me arrependo de ser comunicóloga e de ter escolhido, mesmo que por acaso,
trabalhar na área da saúde, trabalhar de dia, noite, madrugada e fins de semana.
As vezes penso “Poderia ser mais fácil se estivesse em outra área”, mas o
destino me responde “Não, Ana Paula, aí é
o seu lugar!”
Novamente
um pouco mais esperançosa no mundo e feliz demais, muito feliz, phodasticamente
feliz .